O dia da árvore não é somente um bom dia para plantá-las, mas também de lembrar das existentes nas cidades, principalmente daquelas que fazem parte da nossa história. Na metrópole paulistana temos uma muito interessante, e infelizmente quase esquecida - a figueira-das-lágrimas.
Pode-se dizer que ela é a árvore mais antiga vivente e documentada na cidade de São Paulo. Para se ter uma idéia, Dom Pedro I passou sob sua copa na proclamação da Independência em 1822. Em 1861, o viajante português Emilio Zaluhar já relatava seu grande tamanho e importância para os paulistanos.
O nome figueira-das-lágrimas vem do fato que os antigos faziam dela o ponto obrigatório de despedida dos entes queridos rumo ao Porto de Santos. Assim foi com os soldados que partiram rumo a Guerra do Paraguai e os estudantes de Direito no século XIX.
Árvore centenária e nativa das florestas paulistanas, da espécie Ficus Organensis, hoje encontra-se ameaçada por um vigoroso e jovem Ficus benjamina (originário da Ásia) plantado equivocadamente a um metro de seu tronco, que lhe tira nutrientes e luz, debilitando-a ainda mais.
Urgente é a sua valorização e conhecimento pela população, como resgate de nossa história viva e de uma árvore nativa que deveria ser reproduzida e estar presente nos parques paulistanos.

Seu tronco mostra claramente sua antiguidade e porte. No lado direito da foto, o tronco do ficus estrangeiro que está ameaçando a anciã.
Para conhecer:
Estrada das Lágrimas entre os números 515 e 530, próximo a Rodovia Anchieta, no Sacomã - Zona Sul.
Ricardo Cardim
