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Channel: Mata Atlântica –Árvores de São Paulo
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As bromélias, orquídeas e outras epífitas não são parasitas das árvores

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Orquídeas e bromélias vivendo sobre rocha - parasitas?

 Uma lenda muito difundida  mesmo entre aqueles que gostam da natureza é sobre as plantas que vivem nas árvores serem parasitas. Essa ideia  leva a destruição de importantes pedaços da nossa biodiversidade nativa e habitat de muitos animais e insetos, além da diminuição do verde produtor de serviços ambientais para a melhoria de condições de vida e saúde na metrópole. 

Orquídea nativa vivendo em capoeira nas matas paulistanas.

Bromélias da Mata Atlântica vivendo nos galhos das tipuanas do bairro do Butantã.

 As plantas epífitas, como bromélias, orquídeas, imbés, cactos e muitos outros que costumam usar as árvores como mero suporte para obter mais luz, umidade e nutrição, não roubam, de forma alguma, nutrientes  ou água da árvore. As plantas que realmente fazem isso são geralmente na cidade de São Paulo aquelas denomindas “erva-de-passarinho” (Tripodanthus sp. família Loranthaceae) e o cipó-chumbo (Cusucuta racemosa, família Convolvulaceae).

Outra planta bem conhecida e combatida nas ruas da metrópole é a samambaia-graminha, que recobre de verde os troncos e galhos das tipuanas e jacarandás-mimosos, e também é inofensiva para a árvore e benéfica para o meio ambiente. Se somarmos todas as plantas epífitas da cidade, certamente representará parte importante do verde urbano e que devem ser protegidas e valorizadas no paisagismo.  

A epífita samambaia-graminha, que vive na maioria das grandes árvores urbanas paulistanas.

Um belo exemplar de imbé, vivendo nas matas do Colégio Nossa Senhora do Morumbi.

 

Ricardo Cardim

 

 



Canela, árvore rara da Mata Atlântica no Parque Buenos Aires

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Canela no ponto mais alto da Praça Buenos Aires - apesar do mesmo nome popular da árvore do tempero, essa não é usada para esse fim.

Canela no ponto mais alto do Parque Buenos Aires - apesar do mesmo nome popular da árvore do tempero, essa não é usada para esse fim.

O Parque Buenos Aires, em Higienópolis, é um exceção na metrópole quando se fala em arborização urbana. Ali, ao contrário do costume vigente no século XX do paisagismo estrangeiro para áreas verdes de São Paulo, foram plantadas árvores típicas da Mata Atlântica em suas alamedas. O resultado foi uma paisagem diferente no meio da  intensa verticalização do bairro e da cidade.

Um dos destaques do parque, a canela ou canelinha (Nectandra megapotamica) tem vários exemplares antigos por ali, quase seculares, e é uma espécie que faz parte da história paulistana. Na época dos Bandeirantes, ela foi muito usada para construção de casas pela resistência e durabilidade da madeira. Construções históricas como a Casa Bandeirista do Butantã tem essa árvore em suas vigas e janelas.

Copa de uma canela muito antiga próxima a Avenida Angélica.

Copa de uma canela muito antiga próxima a Avenida Angélica.

Flores e folhas da canela.

Flores e folhas da canela.

Infelizmente é uma espécie muito pouco usada na arborização urbana, sendo ótima para esse fim. Em 2010 plantamos alguns exemplares na Rua Funchal, Vila Olímpia, durante a comemoração dos 25 anos do Discovery Channel que estão se desenvolvendo bem e mostram alta resistência a poluição. No parque Buenos Aires deveriam ser plantadas novas mudas de canelas para substituir as originais e não descaracterizar esse projeto paisagístico tão inovador na época da sua inauguração.

Ricardo Cardim


A jabuticabeira “abraçada” da Casa Bandeirista do Butantã

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O bosque que rodeia a histórica Casa do Butantã, na Zona Oeste de São Paulo, conserva árvores raras e interessantes da cidade. Um exemplo são as antigas jabuticabeiras, sobreviventes de um tempo em que o bairro do Butantã ainda era rural e o Rio Pinheiros passava em frente ao casarão, e não nos fundos como atualmente.

Em uma delas ocorre uma cena comum na Mata Atlântica – o “abraço” de uma figueira-brava que cresceu apoiando nela (casca mais escura na foto). Algumas espécies de figueiras nativas costumam ser epífitas na sua juventude, e como bromélias e orquídeas, crescem sobre as árvores, em forquilhas com alguma matéria orgânica e umidade. Depois de um tempo, suas raízes alcançam o solo e então se transformam em árvores sobre a coitada que recebeu suas sementes da avifauna.

Nas árvores – que crescem lateralmente em espessura – esse “abraço” pode ser fatal se atingir toda a circunferência do tronco, mas nas palmeiras isso não ocorre devido ao tipo de crescimento dessas plantas, e ambas podem viver juntas por décadas. Importante lembrar que essas figueiras não são parasitas e não fazem mal ao meio ambiente, são árvores belíssimas e que deveriam ser mais plantadas nas praças e parques.

Vista geral das duas árvores se apoiando.

Vista geral das duas árvores se apoiando.

Flores da velha jabuticabeira.

Flores da velha jabuticabeira.

Ricardo Cardim

 


Retalhos de Mata Atlântica – Panamby e Burle Marx

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No começo dos anos 1990, passar em frente ao atual bairro do Panamby, na Zona Sul de São Paulo, era observar um pedaço ininterrupto de Mata Atlântica por vários minutos no lado direito da Marginal Pinheiros. Trazia uma sensação de ter saído da cidade, aliada a visível diminuição na quantidade de veículos depois da Ponte Morumbi.

Essa grande mancha de floresta começou a ser maculada com a criação do Parque Burle Marx em 1995, que sob a boa notícia da inauguração de mais um parque na metrópole trouxe um paliteiro de prédios no lugar das embaúbas e copaíbas que não tiveram a sorte de estar dentro do conveniente terreno preservado em formato de quebra-cabeça.

Outras áreas próximas de Mata Atlântica, como aquelas que ficavam em volta do Shopping Jardim Sul – inaugurado em 1990 - também não resistiram e se transformaram em altos condomínios envoltos por jardins franceses construídos sobre a antiga biodiversidade nativa. E assim, um dos últimos redutos de floresta nativa contínua de São Paulo virou retalhos em pouco mais de uma década.

Até hoje os lançamentos imobiliários não param, e terrenos com remanescentes de floresta aguardam mais prédios. O caso típico é esse anúncio de capa em uma revista especializada em imóveis divulgando o infeliz pedaço de mata que receberá o “ON Panamby” um ”produto” com localização privilegiada – pelo menos até as árvores dos lados caírem.

Ricardo Cardim

 

 

 


Árvores da Mata Atlântica no Parque do Museu do Ipiranga

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Atrás de um importante cartão-postal da cidade de São Paulo, o Museu do Ipiranga, existe uma área verde que conserva árvores notáveis da Mata Atlântica paulistana, seja por seus grandes portes e idades, ou mesmo raridade das espécies – hoje dificilmente observadas em outros pontos da metrópole. 

A história dessa floresta começa há mais de um século atrás, quando o antigo diretor do Museu do Ipiranga – então “Museu Paulista” - Dr. Ihering, preservou uma área de campos cerrados e matas para formar o “Horto Botânico do Ypiranga” com o objetivo de cultivar plantas nativas úteis e decorativas, entre outras ações para a divulgação da flora de São Paulo.

Com o passar das décadas, o local acabou se tornando uma densa floresta, e os seus campos nativos – os antigos “Campos do Ypiranga” - foram cobertos pelas árvores, se transformando no frequentado parque público atual. Abaixo um breve passeio contando um pouco sobre a sua vegetação nativa:

Dois cedros-rosa (Cedrella fissilis) centenários. Árvore da Mata Atlântica boa para arborização urbana que apresenta madeira valorizada e está presente em vários oratórios e imagens de santos das igrejas paulistanas dos séculos 17 a 19.

Dois cedros-rosa (Cedrella fissilis) centenários. Árvore da Mata Atlântica útil para arborização urbana e com madeira valorizada, que está presente em vários oratórios e imagens de santos das igrejas paulistanas dos séculos 17 a 19.

 

camboatã (Cupania sp.) - árvore típica do sub bosque da floresta paulistana e que apresenta frutos apreciados pelos pássaros. No Parque do Museu é muito abundante.

camboatã (Guarea macrophylla) – árvore típica do sub bosque da floresta paulistana e que apresenta frutos apreciados pelos pássaros. No Parque do Museu é muito abundante.

 

araucária (Araucaria angustifolia) com mais de cem anos de idade. Embora seja nativa na cidade de São Paulo, os dois exemplares existentes devem ter sido plantados pelo Dr. Ihering.

araucária (Araucaria angustifolia) com mais de cem anos de idade. Embora seja nativa na cidade de São Paulo, os dois exemplares existentes devem ter sido plantados pelo Dr. Ihering.

 

copaíba ou pau-de-óleo (Copaifera langsdorffi) é uma árvore muito longeva e de madeira nobre que conserva óleo em seu interior. No passado foi muito comum onde hoje está a metrópole, atualmente extremamente rara. Alimenta aves e é muito resistente aos ventos e tempestades, sendo excelente para arborização urbana.

A copaíba ou pau-de-óleo (Copaifera langsdorffi) é uma árvore muito longeva e de madeira nobre que conserva óleo em seu interior. No passado foi muito comum onde hoje está a metrópole, porém é extremamente rara atualmente . Alimenta aves e é muito resistente aos ventos e tempestades, sendo excelente para arborização urbana.

 

Entre as copas, aparece a embaúba (Cecropia sp.) com suas inconfundíveis folhas - que até viraram logotipo de uma grande empresa de cosméticos. Árvore nativa típica, é alimento de preguiças e morcegos frugívoros, podendo ser usada com sucesso em jardins.

Entre as copas, aparece a embaúba (Cecropia sp.) com suas inconfundíveis folhas – que até viraram logotipo de uma grande empresa de cosméticos. Árvore nativa típica, é alimento de preguiças e morcegos frugívoros, podendo ser usada com sucesso em jardins.

 

embiruçu (Pseudobombax sp.) - árvore de crescimento rápido e muito ornamental, com enormes flores brancas que florescem com a planta despida de suas folhas. No parque existem diversos exemplares em flor.

embiruçu (Pseudobombax sp.) – árvore de crescimento rápido e muito ornamental, com enormes flores brancas que florescem com a planta despida de suas folhas. No parque existem diversos exemplares em flor.

 

O tucum (Bactris sp.) é uma palmeira nativa na mata atlântica paulistana e de rara ocorrência na malha urbana paulistana. Sua principal caracterísiticas são seus poderosos espinhos, que impedem animais de a escalarem.

O tucum (Bactris sp.) é uma palmeira nativa na mata atlântica paulistana e de rara ocorrência na malha urbana paulistana. Sua principal caracterísitica são os seus poderosos espinhos, que impedem animais de a escalarem.

 

guatambu ou peroba (Aspidosperma sp.) - árvore da mata atlântica que foi muito explorada pela qualidade de sua madeira, e hoje quase desaparecida na cidade de São Paulo.

guatambu ou peroba (Aspidosperma sp.) – árvore da mata atlântica que foi muito explorada pela qualidade de sua madeira, e hoje quase desaparecida na cidade de São Paulo.

 

jatobá (Hymenaea courbaril) de grandes proporções. Os índios paulistanos do passado faziam canoas com sua casca.

jatobá (Hymenaea courbaril) de grandes proporções. Os índios paulistanos do passado faziam canoas com sua casca.

 

E para finalizar, as nobres e belas canelas (Nectandra megapotamica). Árvores de madeira-de-lei e que participaram na construção das casas na época dos bandeirantes, hoje está sobrevive em poucos lugares na metrópole, como o Parque Trianon e Buenos Aires. Os exemplares do Museu do Ipiranga são centenários e apresentam o típico tronco retorcido pela idade.

E para finalizar, as nobres e belas canelas (Nectandra megapotamica). Árvores de madeira-de-lei e que participaram na construção das casas na época dos bandeirantes. Hoje sobrevivem em poucos lugares na metrópole, como o Parque Trianon e Buenos Aires. Os exemplares do Museu do Ipiranga são centenários e apresentam o típico tronco retorcido pela idade.

 

 Para visitar: Museu Paulista da USP - Parque da Independência, s/n.º – Ipiranga - Zona Sul. Telefone.: (011) 2065-8000.

 

 Ricardo Cardim

 


Árvores de São Paulo na Veja São Paulo dessa semana!

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Árvore do cambuci em Santo Amaro – a mais antiga da cidade de São Paulo?

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Na frente de uma velha mangueira, o antigo cambuci.

Considerada a árvore-símbolo da cidade de São Paulo, o cambuci (Campomanesia phaea) é hoje quase impossível de ser encontrado nas ruas da metrópole. Mesmo no bairro do Cambuci, batizado assim pela sua antiga abundância nas matas da região no passado, os exemplares adultos se contam em uma mão.

Essa árvore situada no centro do bairro de Santo Amaro deve ser remanescente de um antigo pomar residencial e pode ter mais de um século de existência, resistindo bravamente a um histórico de podas antigas visíveis no tronco e a indiferença de quem passa na praça, que sequer imagina a raridade ao lado.

Desconheço exemplar antigo como esse na malha urbana. Nos arredores ainda existem alguns, como esse da foto abaixo, em Cotia.

Velho cambuci em Cotia- SP

O cambuci é planta nativa típica do Planalto Paulistano e produz frutos saborosos, mas o esquecimento em utilizá-lo em áreas públicas e projetos de paisagismo está fazendo-o desaparecer da cidade em que é símbolo. 

 

Com caule bem retorcido e grande tamanho, o exemplar de Santo Amaro mostra avançada idade.

Outra vista do velho cambuci de Santo Amaro

Outra vista do velho cambuci de Santo Amaro

Local: Praça Salim Farah Maluf, Santo Amaro

Ricardo Cardim

 

 


Arborização de Madagascar na Avenida Paulista – Paisagem insustentável

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Paisagem africana na Paulista

A Avenida mais famosa do Brasil está recebendo nos seus canteiros centrais várias mudas de pândano (Pandanus utilis) e palmeiras-triângulo (Dypsis decari) em toda a sua extensão. Ambas as espécies são originárias da distante Ilha de Madagascar, na África, e farão parte por décadas do cartão-postal paulistano.

Em ações como essa, é no mínimo intrigante lembrar o fato de o Brasil ser o campeão mundial em biodiversidade de fauna e flora, e a avenida estar situada no antigo berço da riquíssima Mata Atlântica paulistana, sendo o Parque do Trianon importante remanescente, com sua pitangueiras, uvaias e canelas. Plantio de árvores em um local tão importante para os brasileiros, deveria, por motivos históricos e ambientais, abranger ao menos algumas espécies nativas para a avifauna e conexão com uma paisagem sustentável.

Não se trata de campanha contra as espécies exóticas ou estrangeiras. Elas são fundamentais em vários aspectos da vida cotidiana, como na alimentação e vestuário. A questão fica por conta da falta de sensibilidade nas escolhas. Como diria o eminente Botânico F. C. Hoehne, fundador do Jardim Botânico de São Paulo, já no distante ano de 1944:

“…nunca nos cansaremos de preconizar o emprego de espécies de árvores nacionais na arborização pública. Jamais se diga que elas são inferiores às exóticas já aclimadas.”

Como se vê, o problema é antigo…

Ricardo Cardim



Árvores do Parque Siqueira Campos (Trianon) na Avenida Paulista – 2

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Continuando nosso protesto ao plantio absurdo somente com espécies da África que continua a ocorrer nos canteiros centrais da Avenida Paulista, apresentaremos mais um pouco da fantástica biodiversidade nativa do Parque na Avenida e suas árvores.  

Uma das maiores árvores do Parque Siqueira Campos, esse angico (Anadenanthera peregrina) provavelmente é sobrevivente da floresta primitiva do antigo Caaguaçu dos índios (mata grande em tupi). Espécie rara na atual metrópole.

Uma das maiores árvores do Parque Siqueira Campos, esse angico (Anadenanthera peregrina) provavelmente é sobrevivente da floresta primitiva do antigo Caaguaçu dos indígenas (mata grande em tupi). Espécie rara na atual metrópole.

Outra árvore secular na mata é o jequitibá-branco (Cariniana estrellensis). Além desse imponente exemplar existem outros no entorno, fato muito raro se considerarmos o histórico de devastação que as matas paulistanas sofreram ao longo da urbanização.

Outra árvore secular na mata é o jequitibá-branco (Cariniana estrellensis). Além desse imponente exemplar existem outros no entorno, fato muito raro se considerarmos o histórico de devastação que as matas paulistanas sofreram ao longo da urbanização.

O Parque Siqueira Campos também apresenta as principais palmeiras da Mata Atlântica ocorrentes na cidade de São Paulo, inspiração para substituição das palmeiras-triângulo de Madagascar que serão plantadas nos canteiros centrais da Avenida Paulista.

A palmeira pati (Syagrus pseudococos) é outra raridade da Mata Atlântica no Parque Siqueira Campos. Palmeira esbelta e resistente, poderia ser usada com sucesso na arborização.

A palmeira pati (Syagrus pseudococos) é outra raridade da Mata Atlântica no Parque Siqueira Campos. Palmeira esbelta e resistente, poderia ser usada com sucesso na arborização.

Frutos maduros e comestíveis do jerivá  (Syagrus romanzoffiana) no Parque, palmeira que foi tão comum no território paulistano a ponto de nomear o antigo rio Pinheiros de "Jurubatuba" ou rio das palmeiras jerivás em tupi.

Frutos maduros e comestíveis do jerivá (Syagrus romanzoffiana) no Parque, palmeira que foi tão comum no território paulistano a ponto de nomear o antigo rio Pinheiros de “Jurubatuba” ou rio das palmeiras jerivás em tupi.

Palmito-jussara (Euterpe edulis) muito antigo no Parque Siqueira Campos, apresentando grande altura. É considerada a  planta-mãe da Mata Atlântica devido aos seus frutos que alimentam grande parte da fauna nativa. Espécie ameaçada.

Palmito-jussara (Euterpe edulis) muito antigo no Parque Siqueira Campos, apresentando grande altura. É considerada a planta-mãe da Mata Atlântica devido aos seus frutos que alimentam grande parte da fauna nativa. Espécie ameaçada.

Frutos do palmito-jussara, "irmão" do açaí da Amazônia, com as mesmas propriedades.

Frutos do palmito-jussara, “irmão” do açaí da Amazônia, com as mesmas propriedades.

Ricardo Cardim


Pau-brasil no meio da Mata Atlântica –árvore rara achada na cidade do Rio de Janeiro

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Árvore que nomeou nosso país, o pau-brasil (Caesalpinia echinata) é hoje mais fácil de ser encontrado na arborização e paisagismo urbano graças ao trabalho de alguns preservacionistas que divulgaram e propagaram mudas da espécie nas últimas duas décadas. Mas na natureza, em seu local original – a Mata Atlântica do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro – é extremamente difícil encontrá-lo, principalmente em porte adulto e bem-formado, dado o histórico severo de devastação que a espécie sofreu.

A surpresa maior foi achar um velho exemplar de pau-brasil, com tronco comprido e retilíneo de grande altura, no meio da Mata Atlântica que fica debaixo do famoso bondinho que liga a pedra do Pão-de-Açucar ao Morro da Urca, em uma trilha muito frequentada.

Exemplar de pau-brasil adulto nas matas do cartão-postal carioca.

Exemplar de pau-brasil adulto nas matas do cartão-postal carioca.

Não é possível saber se ele é nativo e remanescente de populações antigas ou alguém plantou o exemplar  há mais de 60 anos atrás (idade mínima que o exemplar aparenta).O trecho de Mata Atlântica onde vive tem um históricos de agressões e devastações que remonta a quase 500 anos, já que a cidade do Rio de Janeiro foi fundada por ali. Independente dessas possibilidades, o fato é que a árvore representa excelentemente como era o porte da espécie na Mata Atlântica pré-descobrimento, com tronco reto e ideal para fornecimento de madeira, justamente as preferidas para corte. Merecia uma placa da prefeitura carioca e participar das atrações turísticas locais.

Escala para observar as dimensões do exemplar.

Escala para observar as dimensões do exemplar.

Endereço: Na Praia Vermelha, em sua extremidade esquerda para quem olha ao mar fica a trilha Cláudio Coutinho, e após algumas centenas de metros existe uma placa indicando a entrada da trilha à esquerda, que tem uma escadaria de troncos e terra batida. O pau-brasil fica logo depois dos primeiros lances, visível por sua casca descamante de cor avermelhada.

Ricardo Cardim

 


Telhado verde com Mata Atlântica e Cerrado – atendendo a realidade brasileira

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O jornal Hoje da Rede Globo fez uma interessante matéria com o trabalho que venho desenvolvendo de resgate da biodiversidade nativa para aplicação nos telhados verdes SkyGarden. A proposta é trazer para a cobertura de prédios verdes não somente uma vegetação, mas aquela mais próxima da original existente antes da construção da cidade, de forma a resgatar plantas em extinção local e reequilibrar o meio ambiente urbano.

Para conhecer melhor:

http://www.skygarden.com.br

Ricardo Cardim


As árvores gigantes da Mata Atlântica do Parque Estadual de Porto Ferreira

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Com uma distância de pouco mais de 220 km da capital paulistana, o Parque Estadual de Porto Ferreira, situado próximo a cidade mesmo nome, conserva uma paisagem rara de ser observada nos dias de hoje: uma floresta de Mata Atlântica ainda com parte das suas antigas árvores de madeira-de-lei originais.

Até o final do século XIX e XX era comum no interior de São Paulo em direção Oeste a partir da cidade de Valinhos a presença de uma floresta de Mata Atlântica Semidecidual (uma floresta que perde parte das folhas na estação seca) que apresentava árvores gigantescas de até 50 metros de altura e alguns metros de diâmetro, alimentadas pelo fértil solo roxo derivado da rocha basalto. Essas matas, derrubadas rapidamente em menos de um século, deram lugar para o ciclo das plantações de café e depois a cana-de-açucar no Oeste Paulista, que deve o sucesso ao seu solo.

No Parque de Porto Ferreira ainda existem na beira do Rio Mogi-Guaçú, árvores seculares como jequitibás, perobas-rosa, pau-marfim, pau-alho e figueiras-bravas que resistiram não só a agricultura, mas a intensa extração madeireira do século passado. Visitar uma paisagem como essa que já cobriu o Estado e hoje é raríssima, nos faz pensar na capacidade do ser humano de mudar cenários milenares em tão pouco tempo – e que não voltam mais.

Um dos enormes jequitibás-rosa (Cariniana legalis), árvore com mais de 40 metros de altura que pode ser considerada a símbolo dessas formações florestais.

Um dos enormes jequitibás-rosa (Cariniana legalis), árvore com mais de 40 metros de altura que pode ser considerada a símbolo dessas formações florestais.

 

Figueira-brava (Ficus sp.).

Figueira-brava (Ficus sp.).

 

 

Peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron). Árvore preticamente extinta no Estado de São Paulo na forma nativa e adulta, gerou um verdadeiro ciclo econômico com sua útil madeira no começo do século XX.

Peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron). Árvore preticamente extinta no Estado de São Paulo na forma nativa e adulta, que gerou um verdadeiro ciclo econômico com sua útil madeira no começo do século XX.

 

Fungos da Mata Atlântica.

Fungos da Mata Atlântica.

Para visitar:

http://www.ambiente.sp.gov.br/parque-porto-ferreira/

Ricardo Cardim

 


São Paulo em 1554 – a paisagem histórica dos campos naturais do Parque do Curucutu na Serra do Mar

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Após os morros florestados do horizonte, já é o mar.

Paisagem surpreendente dentro do município de São Paulo, o Núcleo Curucutu do Parque Estadual da Serra do Mar esconde uma vegetação provavelmente semelhante à aquela que o Padre Anchieta, fundador da cidade, vislumbrou quando terminou de subir a difícil Serra do Mar há mais de 450 anos atrás. Enormes áreas descampadas entre a floresta de Mata Atlântica, quase sempre com neblinas úmidas e que combinadas ao solo pobre, formam uma região campestre, conhecidos como “campos nebulares”, que faziam também parte dos antigos “Campos de Piratininga” que nomearam São Paulo nos primeiros anos.

Dono de uma biodiversidade interessante, esses campos nativos tem curiosidades como plantas carnívoras, sempre-vivas, clúsias, orquídeas e “bonsais naturais”.  A sensação é de realmente estar muito longe da metrópole. Outro destaque é o rio Capivari, o último totalmente limpo do município segundo informação do parque, e ótima ocasião para experimentar tomar água direto do rio.

Tomando água no Rio Capivari.

Tomando água no Rio Capivari.

Araçá em forma de "bonsai" no meio dos campos.

Araçá em forma de “bonsai” no meio dos campos.

A costumeira neblina se aproximando vinda do mar.

A costumeira neblina se aproximando vinda do mar.

capim-arroz (Lagenocarpus rigidus), espécie típica nos campos

capim-arroz (Lagenocarpus rigidus), espécie típica nos campos

Planta carnívora da Mata Atlântica, a Drosera villosa.

Planta carnívora da Mata Atlântica, a Drosera villosa.

As belas flores da sempre-viva (Leiothrix flavescens)

As belas flores da sempre-viva (Leiothrix flavescens)

Há algumas décadas trás foram plantados milhares de pinus (Pinus elliotti), uma árvore estrangeira usada normalmente para reflorestamento comercial e invasora agressiva. A espécie já está amplamente disseminada nos campos naturais, colocando-os em risco e alterando a paisagem. O Instituto Florestal, responsável pelo parque, precisa urgentemente começar o manejo dos pinus.

Árvore estrangeira invasora, o pinus está ocupando os campos naturais.

Árvore estrangeira invasora, o pinus está ocupando os campos naturais.

O parque possui muitas trilhas e boa infra-estrutura com monitores. Situado a 70 km do centro, seu endereço é Rua da Bela Vista, 7090, Embura do Alto. As visitas tem que ser agendadas previamente pelo telefone 5975-2000, e são gratuitas.

Horário de funcionamento – terça a domingo, das 8:30 às 16:30.

Como chegar:

https://maps.google.com.br/maps/msie=UTF8&t=h&source=

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Ricardo Cardim


Árvore da Mata Atlântica está sendo vagarosamente derrubada em São Paulo

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Em uma cidade que tem 80% das suas árvores de origem estrangeira, uma árvore nativa da Mata Atlântica já é exceção. Se for ainda sobrevivente da época pré-urbanização, então pode ser considerada raridade. É o caso desse camboatã (Cupania vernalis), um exemplar adulto e velho, que está na região do Largo 13 de maio em Santo Amaro.

Com diversas marcas e tentativas de derrubá-lo, parece que não conseguirá sobreviver por muito mais tempo. Conheci-o em 2010 com uma grande copa, de ampla sombra e produção de frutos apreciados pelos pássaros, e o encontrei recentemente assim: sem copa, poucos galhos e profundas marcas no tronco de machado e facão. Resistiu a urbanização à sua volta por décadas, e sem motivo algum, já que não há nada em sua volta que pudesse justificar um inimigo, está sendo eliminado.

E assim, São Paulo vai perdendo não somente seu verde, mas também sua história e biodiversidade. Certamente se houvesse mais divulgação e educação ambiental sobre a importância de exemplares nativos como esses, tais situações poderiam ser evitadas.

árvore sendo cortada em São Paulo - folhas - foto de Ricardo Cardim - direitos reservados

 

árvore nativa sendo cortada em São Paulo - foto de Ricardo Cardim - direitos reservados

Para conhecer e compartilhar mais árvores sobreviventes da Mata Atlântica, conheça a campanha “Veteranas de Guerra” da SOS Mata Atlântica: http://www.veteranasdeguerra.org

 

 


Árvores de São Paulo: o pau-cigarra em floração

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árvores de são paulo - foto de Ricardo Cardim - direitos reservados -

Árvore que chama atenção pela forte coloração amarela de sua floração, o pau-cigarra (Senna multijuga) se destaca nas matas paulistanas nesse começo de outono. Na Serra do Mar, divide o colorido com os manacás-da-serra (Tibouchina mutabilis), criando paisagens amarelas, brancas e roxas. Na Serra da Cantareira, onde foram tiradas essas fotos, aparece geralmente sozinho pontilhando as matas.

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O pau-cigarra é uma árvore pioneira típica das florestas secundárias e capoeiras, aquelas que sofreram alterações significativas, e servem de “termômetro” para observarmos como a maioria da Mata Atlântica paulistana é formada por florestas assim, ainda muito jovens e que estão se recuperando de desmatamentos ocorridos até o século passado por causa da agropecuária, extração de lenha e carvão.

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Também é uma espécie ótima para arborização de ruas estreitas e com fiação elétrica acima, crescendo muito rápido e produzindo alimento para a fauna com suas flores.

Ricardo Cardim



Árvores centenárias “Veteranas de Guerra” da Mata Atlântica na Praça da República

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Novas “Veteranas de Guerra”  em pleno centro da cidade de São Paulo. São duas árvores nativas da Mata Atlântica que provavelmente tem mais de um século de vida e foram plantadas na implantação da Praça da República. Uma, figueira-brava, aparentemente Ficus organensis, apresenta um tamanho impressionante com cerca de 20 metros de altura e ampla copa que fica nas margens do laguinho. O interessante desse exemplar é que diferente das outras figueiras antigas da mesma espécie na metrópole, essa tem uma formação típica florestal, com tronco comprido, reto e copa somente no alto do dossel.

Figueira-brava centenária

Figueira-brava centenária

Tronco da figueira-brava

Tronco da figueira-brava

A outra, um jequitibá-rosa (Cariniana legalis), apresenta o porte típico da espécie, e copa bem formada. É a árvore símbolo do Estado de São Paulo e na metrópole temos outro de tamanho parecido na Praça Coronel Fernandes, também no centro.

O jequitibá-rosa em sua formação típica.

O jequitibá-rosa em sua formação típica.

Antes de se tornar um espaço ajardinado no começo do século passado, a Praça da República era conhecida principalmente como “Largo dos Curros” devido a prática de touradas e circos de cavalinhos no local. Interessante a escolha de espécies típicas da Mata Atlântica em uma época de moda européia na arborização, e pena que isso não prosseguiu e hoje essas duas espécies sejam raríssimas na cidade de São Paulo.

Abaixo, fotos das três épocas distintas da Praça da República, de terreiro a ilha de verde em meio ao concreto.

 

Para conhecer outras árvores veteranas de guerra acesse o site da campanha junto a SOS Mata Atlântica e compartilhe essas raridades ameaçadas:

http://www.veteranasdeguerra.org

 

Ricardo Cardim

 


Depois da tragédia, a centenária figueira da Mata Atlântica em Santo André foi assassinada.

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figueira do parque celso daniel em santo andré - foto de Luciano Hernandes


No Parque Celso Daniel, em Santo André, São Paulo, no final sobrou para a árvore a culpa pelo descaso da sua manutenção que culminou na queda de um grande galho e morte de uma frequentadora em 2011. Árvore tombada pelo Condephaat e patrimônio cultural da cidade, a figueira era um ponto turístico no parque, com 20 metros de altura, copa de 40 metros de diâmetro e raízes com extensão de sete metros.

Ainda em 2011 o Departamento de Parques e Áreas Verdes realizou a poda drástica do exemplar, que obviamente culminou na sua sentença de morte “em pé” como podemos observar nas fotos abaixo enviadas pelo nosso leitor Luciano Hernandes. Situação infelizmente típica no Brasil para a arborização urbana: se ocorre a queda de uma árvore ou um galho, a culpa é sempre do vegetal, e nunca das podas equivocadas, falta de manutenção, negligências, fiação elétrica aérea, cimentação do colo, etc, etc…

É possível verificar pelas fotos, que não há ocos nos troncos cortados pela podas.

É possível verificar pelas fotos, que não há ocos nos galhos cortados pela podas.

figueira do parque celso daniel em santo andré - foto de Luciano Hernandes 3

O raro exemplar está completamente morto e em franco apodrecimento. Note as raízes tabulares típicas das figueiras nativas centenárias.

figueira do parque celso daniel em santo andré - foto de Luciano Hernandes 4

Monumento ao descaso histórico com o verde no Brasil

Abaixo, fotos da figueira centenária antes da poda que a matou:

figueira do parque celso daniel em santo andré - antes

figueira do parque celso daniel em santo andré - antes 2

Ricardo Cardim


Dia da Árvore – o Palmito jussara cada vez mais comum nos jardins paulistanos

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Palmito em rua paulistana

Palmito em rua paulistana

Comemorando o dia da árvore, homenageamos uma árvore “guerreira” da Mata Atlântica, o palmito-jussara (Euterpe edulis), que produz frutos para boa parte da fauna da floresta e infelizmente ainda continua sendo explorada clandestinamente no seu meio acima de sua capacidade de sobrevivência. Para se obter o tão apreciado palmito jussara na culinária, é preciso matar a árvore cortando a parte entre o final de seu estipe (tronco) e começo das folhas.

Mas a boa notícia para o palmito-jussara é que ele está voltando para os projetos de paisagismo, principalmente nos novos edifícios corporativos. Muitos novos jardins estão recebendo a espécie, o que certamente ajudará na sua propagação para outras áreas verdes da malha urbana e é uma escolha muito mais sustentável perante modismos estrangeiros como a palmeira-triângulo e seafórtia.

Uma dica importante é sempre plantar o palmito em grupo ou perto de outras plantas para se ter um ambiente úmido e com meia-sombra, principalmente na fase jovem. A Mata Atlântica e pássaros como o tucano-de-bico-verde agradecem.

Palmito jussara criminosamente recém-cortado na Mata Atlântica da Serra do Mar

Palmito jussara criminosamente recém-cortado na Mata Atlântica da Serra do Mar


Nascentes de água, trechos de Cerrado, Mata Atlântica e antigos caminhos indígenas e de tropeiros – o necessário Parque Fonte Peabiru em São Paulo

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Seculares, os arcos de pedra resistem junto com a água limpa ao descaso e ameaças.

Seculares, os arcos de pedra resistem junto com a água limpa ao descaso e ameaças.

Na mais severa seca da cidade de São Paulo a água continua correndo, transparente, entre dois arcos antigos de pedras, obra provavelmente do século XVIII. Em volta, um grande terreno de 39.000 m² repleto de árvores da Mata Atlântica e trechos de Campos Cerrados em meio ao adensado bairro do Butantã na Zona Oeste.

Esse cenário, em uma cidade preocupada com sua água, meio ambiente e história, certamente seria um parque público para toda a população, mas segue abandonado e ameaçado por lixo, invasões e lançamentos imobiliários, embora o terreno seja tombado desde 2012. 

Estudos realizados pela Associação Cultural do Morro do Querosene, que lutou e conseguiu o tombamento do terreno, mostram que possivelmente nessa área existia um ponto de parada de bandeiras e tropeiros na nascente, que fazia parte do antigo caminho indígena do Peabiru, esse anterior ao século XVI.

Observando atentamente a construção dos arcos em pedra que abrigam a nascente e comparando com construções históricas paulistanas ainda existentes, fica nítido que ele pertence a outra época, colonial. Prospecções arqueológicas futuras naquele local poderão certamente fornecer pedaços importantes do passado de São Paulo e Brasil.

Trecho de Cerrado tipo "Campos de Piratininga" que margeiam o terreno da nascente. Paisagem secular.

Trecho do raro Cerrado tipo “Campos de Piratininga” que margeiam o terreno da nascente. Paisagem secular. A planta florida à direita é um araçá-do-campo (Psidium guineense), arbusto frutífero que nomeou o caminho e depois cemitério do Araçá. O capim em floração, uma espécie que quase desapareceu da metrópole (Andropogon leucostachyus) .

Outro aspecto valioso do terreno para a história e meio ambiente da metrópole são trechos preservados de campos cerrados, remanescentes dos antigos “Campos de Piratininga” vegetação nativa que nomeou São Paulo nos primeiros séculos, e que resgatam as paisagens que os antigos viajante de séculos atrás vivenciaram quando paravam na bica.

Argumentos, água e fatos não faltam para justificar a desapropriação da área e entregar esse parque público interessantíssimo e fundamental para a população, o Parque das Fontes do Peabiru.

Na cidade que corre o risco de secar, água limpa em abundância.

Na cidade que corre o risco de secar, água limpa em abundância.

Outra surpresa no terreno - um pomar centenário com as maiores mangueiras que existem na cidade de São Paulo

Outra surpresa no terreno – um pomar centenário com as maiores mangueiras que já vi na cidade de São Paulo, e que estavam carregadas de frutos. Sobreviventes possivelmente de uma antiga chácara do local.

Para mais informações sugiro o site:

http://www.fontedopeabiru.com.br/1135-2/

Endereço do local:

Entre a Avenida Corifeu de Azevedo Marques, Rua Santanésia e Rua Padre Justino (no começo dessa rua tem uma curta rua sem saída com um pequeno portão, a rua da fonte, que acessa o local).

Meus agradecimentos ao pessoal do Rios e Ruas e a Associação Cultural do Morro do Querosene.

Ricardo Cardim


Bromélias, orquídeas e outras epífitas nas copas das árvores centenárias paulistanas – relíquias de uma Mata Atlântica desaparecida

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Na Zona Sul

Na Zona Sul, no bairro da Granja Julieta, vive isolada esta centenária copaíba, repleta de epífitas nativas na copa. Trata-se de uma sobrevivente da  Mata Atlântica das margens do Rio Pinheiros e hoje está em um terreno privado.

Árvores muito antigas na Mata Atlântica costumam ter uma complexa biodiversidade nas suas copas, que formam um outro “andar de floresta” constituída por plantas epífitas – que não são parasitas – e abrigam uma fauna especializada. São orquídeas, bromélias, cactos, imbés, samambaias e várias outras aproveitando o microclima e a luminosidade proporcionados pela árvore.

Da vegetação original da cidade de São Paulo – que em um passado não muito distante – era formada por densas florestas em forma de capões (ilhas), sobreviveram algumas árvores seculares.  Muitas vezes as únicas remanescentes de uma floresta com milhares de árvores. Exemplos são as raras copaíbas e jequitibás-brancos eleitas na campanha “Veteranas de Guerra” da SOS Mata Atlântica.

Poucos desses já escassos exemplares antigos tem na sua copa uma grande diversidade de epífitas nativas, que representam as últimas sobreviventes das florestas paulistanas. É como se uma árvore fosse capaz de suportar um “micro mundo” repleto de pequenas raridades biológicas, que já perderam todos os outros da mesma espécie na metrópole, e são os últimos repositórios da genética paulistana.

Essas “relíquias da biodiversidade” infelizmente seguem não pesquisadas e ameaçadas pelo desconhecimento, e poderiam gerar ótimos trabalhos de pesquisa acadêmica, além da possibilidade de serem reproduzidas e reintroduzidas na metrópole.

Copa

Copa com inúmeras espécies diferentes.

No Colégio Friburgo, Avenida João Dias, Zona Sul,

No Colégio Friburgo, Avenida João Dias, Zona Sul, ainda existem várias bromélias hoje raras na metrópole sobre essa secular copaíba.

O jequitibá-branco do Parque Trianon também reserva uma biodiversidade p´ropria e não observada nas outras árvores antigas do Parque

O jequitibá-branco do Parque Trianon também reserva uma biodiversidade própria e não observada nas outras árvores antigas do Parque

Ricardo Cardim

****POST NÚMERO 350 ****


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